A situação está complicada em Teresina nesse início de ano. A notícia amplamente divulgada é que os estudantes estão protestando contra o aumento das tarifas de ônibus. Mas a coisa é maior do que isso e envolve uma picaretagem na integração de ônibus e a administração da bilhetagem eletrônica por uma administradora de cartões de crédito em que um dos sócios é um senador do PTB, mesmo partido que o prefeito. Aqui você encontra uma explicação bem detalhada do processo todo. No mesmo blog tem também essa publicação falando sobre a “massacrifestação” do dia 10.
Pra quem quiser notícias diretamente do front, tem esse blog, produzido pelo movimento. Eles também está alimentando uma página no Facebook. E quem quiser acompanhar pelo Twitter, tem duas hashtags: #contraoaumento (que é a “oficial”) e #massacreteresina. Infelizmente, no identi.ca o movimento está bem devagar, reduzindo-se (até o momento) a publicações de Aracele Torres, asm e Fa Conti. Tudo o que foi publicado está aqui e aqui.
Agora o mais interessante é quando você começa a comparar as notícias “oficiais”. Pegando somente os portais das “três grandes” (Globo, Record e SBT, não achei nenhum vídeo no portal da Band, somente essa nota), compare os vídeos das reportagens entre si e com o citado acima. Vejam o tom de cada um deles e olhem como o da Globo é dissonante, considerando o teor e o tempo das falas da reportagem e dos envolvidos (os envolvidos no movimento tiveram somente 5 segundos de fala em uma reportagem de 2:49 minutos) e as imagens apresentadas (a parte dos policiais arrastando os manifestantes foi totalmente excluída, mas sobram imagens de depredação em várias manifestações). A Record peca pela falta, uma reportagem mínima de 21 segundos, mas incluiu as cenas dos policiais arrastando os manifestantes. Já o SBT apresentou o vídeo mais completo, apresentando todo o enfrentamento, inclusive o que aconteceu antes da chegada da tropa de choque. O tom é mais de “noticiário de guerra”, com a matéria sendo apresentada toda pelo repórter que estava no local. Não vou me aprofundar na análise das matérias, até mesmo por falta de competência para fazê-lo, mas reparem que nenhuma delas cita a questão da bilhetagem eletrônica e do desconto da segunda tarifa, nem justificam o motivo da fiança para soltura dos manifestantes ser tão alta. Como última comparação, temos também essa reportagem da emissora RTP de Portugal. Interessante destacar que é a única que usa a expressão “manifestação pacífica dos estudantes”.
De tudo isso a resta a mensagem que existem sim manifestações aqui no Brasil que vão além do “clique aqui para participar” (e isso é animador). Pra aqueles que (como eu) estão longe do estado, o mínimo que podemos fazer é divulgar ao máximo o que está acontecendo lá. E torcer para que o movimento se mantenha forte e coeso.
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