Acabei de assistir a uma matéria no Olhar Digital em que eles colocaram duas crianças (de 7 e de 9 anos) que sempre utilizaram o GNU/Linux para usar o Windows (será que isso pode ser considerado abuso infantil? 🙂 ). As falas das crianças ao longo do processo são ótimas:
“No Linux é fácil, mas eu não sei como o meu pai sabe mexer tanto assim no Windows. É mais difícil, tem várias coisas diferentes desse aqui para o outro (Linux)”
“O Linux não pergunta tantas coisas como este aqui (Windows)”
“Os jogos não são mais legais do que o do Linux. Se eu pudesse escolher, eu ia escolher o Linux”
E a matéria chega à conclusão que o melhor sistema operacional é aquele ao qual você está acostumado. Isso porque já haviam sido feitas duas matérias anteriores, em que usuários do Windows foram colocados pra trabalhar com o MacOS e com o GNU/Linux.
Tudo bem que não é nenhuma avaliação formal, mas essa pesquisa apresenta pelo menos dois problemas. O primeiro é que foram utilizados usuários de faixas etárias e conhecimentos diferentes. Por exemplo, para experimentar o MacOS, foram usados dois editores do Olhar Digital, para o GNU/Linux, dois usuários jovens e para o Windows, duas crianças. O segundo problema, mais sério na minha opinião, foram os critérios da avaliação. No caso do MacOS e do Windows eles experimentaram a operação da máquina. Já com o GNU/Linux, eles fizeram o processo inteiro, desde a instalação. Entretanto, apesar de terem avaliado mais aspectos, isso não ganha nenhum destaque na matéria, que ressalta apenas que eles tiveram dois problemas: o plugin do Flash e o uso do software aMSN. Ainda bem que, pelo menos, eles fizeram uma segunda matéria mostrando que o problema estava na forma que os usuários escolheram pra resolver os problemas e não no sistema em si. Mas bem que eles podiam ter destacado que o Flash é um software proprietário que não pode ser distribuído junto com o GNU/Linux (a não ser que se faça um contrato de distribuição junto à Adobe) e que a Microsoft vive mudando detalhes do protocolo da rede MSN justamente para dificultar que outros clientes conectem-se a ela.
Contudo, no frigir dos ovos, mesmo com todos os problemas de procedimentos e apresentação dos resultados, matérias desse tipo são importantes pelo menos para ajudar no debate de que qualquer mudança de paradigma é complicada, independente delas estarem em comportamentos pessoais ou no sistema operacional que utilizamos. Falta agora fazer uma avaliação mais séria de usabilidade e torná-la pública para que as pessoas percebam que um bom sistema operacional não é só aquele ao qual elas estão acostumadas.
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