Sempre que posso, faço um trabalho de divulgação do software livre em geral e do GNU/Linux em particular, ressaltando suas qualidades e tentando desmistificar essa ideia de que é um sistema difícil. E de vez em quando consigo alguns resultados interessantes. O último deles foi com um antigo colega da lista de discussão Internews, o Mordred. Ele mandou uma mensagem tão animada para a lista, relatando sua migração para o pinguim, que eu pedi a ele para fazer um relato pra eu publicar aqui. Conforme prometido, aí está a mensagem dele. Fiz questão de deixá-la na íntegra, sem correções, para preservar o estilo e a emoção dele ao escrever o texto. Meus comentários ao final do texto.
Pois então chegou o dia em que me desfiz do preconceito e cansado de telas azuis da morte, inúmeras reinstalações, procura sem fim por drivers, incompatibilidade de dispositivos, chegou à minhas mãos e olhei com ar de ironia mais um artigo falando maravilhas da nova versão de um tal de Ubuntu e resolvi baixar. Afinal, pensei eu, essa coisa não pode ser tão complexa e por tudo que esta se falando, trabalhando desde 1987 com informática e oriundo de “find . –print |cpio –ovb >/dev/fita” eu não poderia me sair de forma tão vergonhosa.
Deixei o bicho baixando nem sei de onde e depois de alguns dias (já esquecido) encontrei perdido numa pasta um ISO de pouco mais de 700Mb do tal Ubuntu. Como mais uma vez a máquina de meu filho apresentava problemas, pensei…. Porque não? Sem nada de backup para fazer, nem outro aplicativos à instalar, pelo menos para ver a cara do dito cujo, eu precisava tentar.
Primeiro impacto negativo: logo após criar o cd no Nero na máquina Windows de minha esposa, ao executar o CD, um menu assustador em inglês sugeria que, como um outro SO estava instalado, eu poderia optar pela versão Live ( que para os leigos como eu, é um SO que funciona diretamente no CD, sem mexer em NADA de sua máquina!!!! – ainda não usei). Desapontado por estar com uma versão em inglês, e imaginando que as coisas seriam mais complexas do que eu gostaria com meu inglês de aeroporto de 3º mundo, mesmo assim parti para máquina de meu filho, alterei para boot pelo CD, cruzei os dedos e deixei correr… E aí….
Bom, logo de cara, me surpreendi com uma tela interativa que dava a opção de instalação em (sem exageros) pelo menos uns 20 idiomas. Surpresa mais uma vez, dado que a gente sabe como funciona no concorrente: Um CD para cada idioma e olhe lá! E aí…..eu sinceramente gostaria de falar mais da instalação, contudo…diferentemente do que ocorre com o “outro” você não faz NADA. Seleciona o horário de onde está, o idioma (como já mencionei) e define partição(ões) (se desejar e se quiser conservar o 2º SO) e um nome e senha de usuário. Depois de +/- 30 minutos ( aí vai de sua máquina e sua leitora de CD/DVD ) ponto final. Você está com sua máquina 100% configurada. E quando digo 100% é isso mesmo: internet ok (com o fantástico Firefox, que eu já vinha usando, depois de desistir dos travamentos e enorme peso do IE8), um editor de texto e uma planilha eletrônica (tão completos como os “do mercado”), alguns gráficos para começar, além de uma infinidade de joguinhos (para alegria de meu filho) e pode começar a usar.
Em resumo, perdi anos assustado com o Linux, talvez por minha origem Unix/Xênix, onde a tela preta reinava e comandos como que já citei, parecem uma verdade sopa de letras e fazem a maravilha dos empolados profissionais de TI, olhados pelos leigos como deuses (quando na verdade decoraram apena suma dúzia de comandos chave).
A interface deste que usei (Ubuntu 9.0.4) é amistosa, você tem alguma dificuldade no início, já que tudo mudou de lugar, mas.. com alguma boa vontade (e nem precisa ser muita) você reconfigura tudo, cria atalhos, reparticiona aos instalação, atualiza o SO de forma automática, customiza funcionalidades e se você, assim como eu, pretende, mais que pregar a honestidade com seu filho, mostrar que é possível sim, usar computador e internet sem precisar recorrer à pirataria, existe vida (boa e dentro da lei) além do Windows. E o melhor, de graça, com atualizações constantes e outros aplicativos tão bons quanto a “tendência de mercado”.
À você Fred, responsável por isso e me mostrando esse caminho à anos, obrigado e desculpe pela demora; à comunidade do pinguim, tô chegando com a faca nos dentes! E aqueles que ainda patinam no Windows, quem sabe até pelos mesmos motivos que eu, podem relaxar. Tudo que você precisa para passar do Windows é o que você obrigatoriamente precisa ter independentemente do SO que use: um backup!
Bom, não sobra muito o que dizer depois disso, né? Na verdade quem agradece sou eu, Mordred, pela sua iniciativa em tentar fazer diferente, em fugir da (como você mesmo diz) "tendência de mercado" e dar uma chance ao GNU/Linux. Com certeza você ainda tem muita diversão pela frente. Boa sorte em sua jornada!
São mensagens assim que reforçam a minha crença de que vale a pena lutar pela adoção do software livre. Pensem bem, quantas pessoas serão convencidas pelo Mordred a, pelo menos, tentar usar o GNU/Linux? E, dessas, quantas o adotarão definitivamente? A dominação mundial está apenas começando…